sábado, 6 de fevereiro de 2010

Estruturas Perversas e Homossexualidade



No estudo psicanalítico da estruturação da personalidade, as estruturas perversas recebem uma atenção distinta, em virtude da alta prevalência nos consultórios e também pela dificuldade de tratamento. O termo " perversão" talvez soe um pouco preconceituoso, mas é o termo original usado pelo inventor da psicanálise e seus outros contemporâneos para nomear uma categoria de pacientes com características comuns e típicas. Aqui não há nenhuma conotação de julgamento moral ou ético, apenas a compreensão psiquiátrica.


Existem múltiplos quadros psiquiátricos com sintomas e traços de personalidade de funcionamento perverso. Devido às nuances pejorativas, alguns autores cunharam outros termos, como " neossexualidade". Freud foi o primeiro a investigar o tema. No desenvolvimento psicosexual( as diferentes fases - oral, anal, fálica e edípica), haveria o estado de "sexualidade perversa polimorfa", onde existiria uma difusão de pontos de fixação na sexualidade corporal, como uma fase normal do desenvolvimento, uma fixação(anormal) nesses estágios e mesmo como resíduo da sexualidade infantil na vida adulta. Em 1914 ele estuda o narcisismo, com enfoque na perversão, " pela escolha de objetos homossexuais".. A escolha homossexual de objetos( pessoas) poderia ter uma conotação narcisista ou complementar( anaclítica). Na busca de objetos homossexuais, haveria uma fixação em meios pré-genitais exclusivamente com uma predominância de perversões, destrutiva, sem consideração pelo( a) outra(o), como um fim em si mesmo. Outro psicanalista, P. Heimann, identificou a fase perversa polimorfa entre a fase oral e anal do desenvolvimento, onde haveria uma intensificação do sadismo. A personalidade homossexual, apesar de não ser considerada uma classificação nosológica, é dissociada( desintegrada), com manifestação de instintos perversos sexuais, " instintos parciais" enraizados em partes do corpo( fetichismo), múltiplas identificações patológicas com figuras do ambiente , fantasias inconscientes e vínculo primitivo patológico com a mãe .No atendimento de pacientes homossexuais, observamos claramente um funcionamento similar às descrições de Freud. Na sua manifestação sexual( ou neossexual), a presença da "sexualidade perversa polimorfa" é bastante evidente, sem sinais de evolução sexual saudável para a prática da genitalidade. O que no adulto " normal", são resquícios pré-genitais que se caracterizam por carícias orais e anais, pré-coito, nos homossexuais é o funcionamento global da sua "neossexualidade". As matizes sádica e masoquista são constante no funcionamento homossexual.


Os homossexuais procuram ajuda psiquiátrica com bastante frequência. A sua estruturação de personalidade oferece verdadeiros desafios de tratamento e dificuldades de recuperação. Há uma predominância do instinto de morte( tanatos) permeando as identificações e objetos mentais, com sinais clínicos constantes de depressão, ansiedade, ideação suicida e desestruturação da personalidade. Como na linguagem de um paciente homossexual em terapia dinâmica, " nenhum homossexual é feliz", "nenhum homossexual se aceita", constatamos que a normalização do conceito de homossexualidade é mais social do que psiquiátrico. Na psiquiatria não existe o transtorno homossexualidade, entretanto na homossexualidade encontramos os transtornos perversos em maior concentração.


As restrições sociais ao pleno vivenciar da homossexualidade isola mais ainda esses pacientes, que precisam esconder a sua " neossexualidade", omitindo de parentes a sua constituição mental e escolhas de práticas sexuais. É muito comum a formação de grupos, guetos, bares, que funcionam como um ambiente para o vivenciar dessa sexualidade. Nas palavras de um paciente homossexual , em tratamento, " aquela boate parecia uma coisa artificial, as pessoas não eram pessoas, não tinham contas para pagar, não comiam arroz e feijão, apenas se beijavam e faziam outras coisas, sem mesmo perguntar o nome." Nesse descrição genuína, observamos o gozo perverso do funcionamento sexual, onde as pessoas são objetos sem nome. Na evolução sociológica, a homossexualidade foi absolvida( não em todas as culturas) em nome do politicamente correto, mas no recôndito dos consultórios, a homossexualidade é um problema de ordem psiquiátrica de magnitude difícil de tratar. Principalmente para o reencontro da sua autoaceitação e conquista de um espaço na sociedade, os homossexuais se sentem excluídos e são excluídos. A plena vivência amorosa e afetiva fica relegada a um plano secundário. Mesmo "os homossexuais sem neuroses" mobilizam defesas psicológicas muito patológicas para funcionarem adaptativamente. O preço é alto a pagar para parecer normal.


A homossexualidade e a estruturação perversa de personalidade andam juntas. Pelos déficits nas identificações infantis, os traumas decorrentes do ambiente repressor, pelas contingências biológicas intra-útero, o indivíduo homossexual é diferente psicodinamicamente. Nas palavras de um paciente homossexual " a parada gay é uma tentativa de chocar as pessoas, para obrigá-las a aceitar a homossexualidade como algo normal". Aquelas bichas loucas devem ter escapado de alguma fábrica de manipulação genética." O desafio no futuro é a revisão dos conceitos referentes ao entendimento moderno da homossexualidade para tentativas de tratamento mais eficazes do que dispomos no momento.

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