sábado, 14 de janeiro de 2012

A Endocrinologia do Cérebro


A Endocrinologia é a especialidade médica que estuda os hormônios e suas ações no organismo.

Hormônios são moléculas que sinalizam intenções fisiológicas em células-alvo através da corrente circulatória.

No cérebro a comunicação interneuronal se faz através de sinalização eletroquímica basicamente, mas também através da ação hormonal. Alguns neurotransmissores funcionam como hormônios, enquanto alguns hormônios funcionam como neurotransmissores.

Os neurônios são conexões na forma de fios que alcançam outras conexões e sinalizam potenciais de  ação através de ordens neuroquímicas( neurotransmissores). Os hormônios funcionam mais como "ondas" que atingem receptores específicos a distância.

A epinefrina , por exemplo, é um neurotransmissor em nível cerebral e um hormônio em nível periférico. Os hormônios influenciam também a ação dos neurotransmissores. O neurotransmissor GABA( inibitório) sofre a influência dos hormônios esteroides. Quando o hormônio feminino progesterona atua no GABA há um aumento do influxo de cloro para dentro das células, modificando a sinalização neuronal. Isso talvez explique a sensibilidade das mulheres à flutuação hormonal, com surgimento de síndromes psiquiátricas.

Os hormônios diferem dos neurotransmissores pois causam efeitos a longo prazo ,são secretados na forma pulsátil, variam conforme o relógio biológico( ritmo circadiano) e produzem seus efeitos de maneira diferente em diferentes órgãos.

Entre os três principais tipos de hormônios podemos citar, de acordo com sua estrutura química, os seguintes: hormônios proteicos, como os neuropeptídeos, os hormônios aminas, derivados de aminoácidos e os hormônios esteroides, derivados do colesterol.

Entre os hormônios proteicos estão a ocitocina, a vasopressina, os hormônios liberadores de outros hormônios, que atuam no eixo hipotálamo-hipófise, os hormônios trópicos, que atuam diretamente nos órgãos-alvo, como a tireóide, as suprarenais, os folículos ovarianos; os hormônios aminas são representados pela epinefrina, a norepinefrina , o hormônio tireóide e a melatonina; os hormônios esteróides são representados pelos estrógenos, as progestinas, os andrógenos, os glucocorticóides e mineralocorticoides.

As duas ações básicas dos hormônios nas células-alvo são: promover o crescimento e diferenciação e modular a frequência do seu funcionamento. Dependendo do tipo de hormõnio , o encaixe ocorre na parede das células, através da parede celular no interior das células, dando início à síntese de proteínas ou no núcleo celular.Em todos os casos o resultado final dessas cascatas são o efeito genômico, isto é, ativar determinados genes ou efeito não genômico, como em alguns neurônios, modulando os íons que controlam os disparos neuronais.

A hipófise e hipotálamo são as duas principais glândulas no cérebro. O hipotálamo é a central de comando, que integra informações acerca do estado do cérebro com informações oriundas do corpo provenientes da coleta de dados via projeção de neurônios ou quimioneurônios.Do hipotálamo partem as ordens para a hipófise, em resposta a alterações corporais e ambientais, conforme a necessidade de secreção ou não de hormônios regulares do equilíbrio fisiológico( homeostase).

Destacamos abaixo as principais funções desses hormônios:

__ Ajuste do fluxo sanguíneo
__ Regulação do metabolismo
__ Regulação da atividade reprodutiva
__ Resposta a ameaças
__ Controles do ritmos circadianos( relógio biológico).

A relação estreita entre cérebro e corpo se faz às expensas da ação integrada dos hormônios. Indivíduos depressivos, por exemplo, exibem hipecortisolemia, atrofia do hipocampo( região da memória) e prejuízo das funções cognitivas. Contrariamente, no transtorno de estresse pós-traumático( TEPT), o hormônio cortisol está baixo, predispondo o indivíduo a responder abaixo do esperado aos estressores, com resposta inflamatória e simpática excessivas. O cortisol também está baixo em patologias como fibromialgia e síndrome da fadiga crõnica. Doenças como hiper e hipotireoidismo também produzem sintomas psiquiátricos que se confudem com transtornos de humor e psicóticos, devido à similaridade sindrômica e alteração da taxa metabólica. No hipertireoidismo, há aumento da ansiedade, irritabilidade, agitação psicomotora e labilidade emocional. No hipotireoidismo há humor depressivo, ganho de peso, diminuição do desejo sexual, déficit de memória e até alucinações e delírios.

A Endocrinologia e a Psiquiatria precisam trabalhar em conjunto para o aprimoramento diagnóstico e controle de diferentes patologias que apresentam sobreposições clínicas.






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