domingo, 12 de julho de 2015

Aprimoramento Neurocognitivo através do Computador










A busca do aprimoramento cognitivo tem sido um desejo da ciência. O uso de medicamentos, entre eles a modafinila e o metilfenidato, aumentou entre pessoas que não possuem nenhum diagnóstico clínico. Como esses medicamentos melhoram a atenção e reduzem a sonolência, podem impactar na capacidade de resolver problemas e manter o foco. Isso não justifica o seu uso indiscriminado, o que caracterizaria "doping". Contrariando a recomendação médica, estudantes, vestibulandos, universitários , executivos, concurseiros buscam esses medicamentos com o intuito de turbinar os seus desempenhos.

O caminho mais saudável seria investir na alimentação, na prática regular de exercícios físicos, dormir o número de horas suficiente para restaurar as energias e não ter vícios danosos à saúde.

Entre os portadores de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade( TDAH), de narcolepsia e outros transtornos psiquiátricos, o uso controlado de medicamentos, sob supervisão médica, é altamente recomendado, pois os ganhos são comprovados. Mas nas pessoas saudáveis  a exposição a medicamentos, sem um diagnóstico formal, é ir além do necessário. Corremos o risco do desencadeamento de uma nova modalidade de abuso de medicamentos( como já tem ocorrido com os medicamentos tarja preta), onde pessoas intercambiam medicamentos entre si, principalmente em escolas e cursinhos preparatórios.

Uma alternativa que vem sendo implementada com muito sucesso desde 2002  é o Treinamento Cognitivo da Memória Operacional, através de exercícios no computador. Diferentemente dos  propalados " joguinhos de computador" e " aplicativos de smartphones", o treinamento cognitivo, realizado sob os cuidados de um treinador( coach), possibilita aos usuários ganhos extraordinários no seu desempenho intelectual.

A Memória de Trabalho( WM), também conhecida como Memória operacional( MO),  é a função mental envolvida na seleção de dados e o seu manuseio. Esse trabalho é central em atividades como cálculos matemáticos, encadeamento de raciocínios, seleção de foco, cumprimento de sequência de instruções, evocação de memórias de longo prazo e a transformação de memórias de curto prazo em memórias de longo prazo.

Desde 2002,  o Treinamento de Memória Operacional Cogmed, surgido na Suécia, na Universidade da Karolinska,  expandiu-se internacionalmente. Existem mais de duas mil citações na literatura científica. Os resultados decorrentes do treinamento são apoiados em evidências sólidas e foram replicados por pesquisadores independentes de outras universidades em países como Canadá, Estados Unidos e Japão.

Treinar a memória de trabalho é superar os limites do próprio cérebro.

Muitas pessoas já nascem com déficits na sua memória operacional, como portadores de TDAH, enquanto outros adquirem esses déficits durante o processo de envelhecimento. A sobrecarga informativa da vida moderna( estresse )  também é um fator ambiental que compromete a capacidade da MO. Muitas pessoas sofrem constrangimentos por causa dessas limitações.

O Treinamento Cognitivo Cogmed pode beneficiar diferentes grupos de pessoas:

Estudantes: A Memória operacional é crucial na sala de aula. Matemática, leitura e internalização de informações são totalmente dependentes dessa memória.

Vestibulandos e Concurseiros: A Memória operacional é o principal indicador de desempenho escolar, sendo fundamental para desempenho em provas que exigem muita atenção.

Atletas: A tomada de decisão em frações de segundos é uma característica desse grupo. Atletas precisam reter e compreender uma grande quantidade de informações em pouco tempo.

Profissionais: No mundo moderno, a necessidade de priorizar atividades e não se abalar com distrações são fundamentais para manter a produtividade em níveis altos.

Portadores de TDAH:  O déficit da memória operacional ocorre numa gama extensa de condições médicas, entre elas TDAH, acidente  vascular cerebral, lesão cerebral traumática e sobreviventes de câncer.

Adultos mais velhos:  A memória operacional atinge o seu pico entre 25 e 30 anos, então começa a declinar. Em torno dos 35 anos, os déficits são evidentes no dia a dia.

Nenhum treinamento cognitivo poderá substituir o uso de medicamentos quando adequadamente indicados. A associação do uso de medicamentos e o treinamento cognitivo aumenta ainda mais os ganhos para os pacientes.

O sucesso de qualquer treinamento dependerá da motivação do participante, da estrutura de treinamento, inserida nas rotinas da vida cotidiana , do trabalho de um tutor( coach=treinador) e do cumprimento das sessões até o final. O Treinamento Cognitivo Cogmed consiste em 25 sessões totais( com 10 exercícios por sessão), divididas em 5 semanas de duração. Dependendo da faixa etária, o programa disponibiliza três diferentes interfaces de treinamento, adequadas à idade.

Apesar de haver trabalhos correlacionando o aumento da inteligência  fluida ao aumento da memória operacional, os ganhos atualmente comprovados são:  melhora na capacidade de concentração, melhora no controle de impulsos e resistência melhorada na execução de tarefas mentalmente exigentes.

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